quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Voltando a escrever - Avançamos

Olá galera! Estou de volta.

A última vez que escrevi aqui no Blog foi em 06 de Julho de 2017. Dia 06 agora de Dezembro, farão seis meses.

Bem, de Julho pra cá, muitas coisas aconteceram, as quais, passarei a descrever e narrar aqui.

Todo paciente em tratamento de câncer, após certo tempo, precisa se submeter a exames de controle da doença. Havendo cumprido os seis meses de quimioterapia pesada(R-Chop), a médica nos solicitou a nossa primeira Petscan ou PET /CT, pois através desta, é possível saber a eficácia do tratamento, ou seja, se a doença ainda estaria ou não em atividade.

Dia 27 de Julho de 2017, realizei o PET/CT. A expectativa associada a ansiedade era grande. Os nódulos haviam desaparecido durante as sessões quimioterápicas. Por essa razão, eu acreditava que o PET/CT confirmaria nossa melhora. Os dias se passaram. Era hora de viajar à capital João Pessoa, para pegar o tão esperado resultado... Juntamente com minha esposa, que sempre esteve do meu lado, entramos na clínica, pegamos o exame, e passamos a ler... Saímos da clínica cheios de alegria, pois em meio a tudo que lemos, lá estava uma frase, que qualquer leigo entenderia: "...NEGATIVO PARA ATIVIDADE DE DOENÇA..." Isso mesmo! A doença não estava mais em atividade. 

Com base nesse resultado, entrei para a chamada "TERAPIA DE MANUTENÇÃO". Era tudo o que queria, pois além de ficar livre daquela quimioterapia pesada e cheia de efeitos colaterais, os cabelos voltariam a crescer e não seria mais necessário usar máscara o tempo todo. Você não faz ideia do quanto isso me animou!...

A manutenção durará 2 anos. É feita a cada 2 meses. E, apenas com uma medicação chamada MABITHERA. Dia 11 agora de Dezembro de 2017, receberei a terceira aplicação... Avançamos.

Seis meses já se passaram, desde a realização desse primeiro exame PET/CT. Dia 05 agora de Dezembro de 2017, farei o segundo. A expectativa e ansiedade parece estar maior que a primeira vez. Digo isso porque, nesse intervalo entre um exame e outro, passei a sentir umas dores nas costas. Até cheguei, numa das crises, a dar entrada no hospital. 

Os nódulos não voltaram, e graças a Deus por isso, contudo, é impossível ficar totalmente em paz diante da possibilidade de acabar sabendo que tais dores, tem ou terá relação com a doença... Espero em Deus que não. Apesar de minha expectativa oscilar, até porque sou humano, sigo confiante que a Divina Misericórdia continuará manisfesta em nosso processo de tratamento e recuperação, possibilitando melhoras sobre melhoras.

Considero que estou bem; muito bem. Os cabelos estão crescidos. Os exames periódicos apresentam taxas normais. E assim, continuo seguindo firme nessa luta contra o linfoma folicular grau 2 com o qual fui diagnosticado em 19 de Dezembro de 2016.

Espero em breve poder voltar a usar esse espaço, para falar de minha alegria, por ocasião do resultado do segundo exame PET/CT, que assim como o primeiro, será favorável, a saber: "NEGATIVO PARA ATIVIDADE DE DOENÇA". Assim espero!... 

Processo do crescimento do cabelo 06 meses depois da última quimioterapia pesada - R-Chop.


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".

terça-feira, 6 de junho de 2017

Revê-los: Uma alegria que me fez bem

O mundo dar voltas. O tempo não pára. A vida está sempre seguindo seu curso, seu fluxo, suas direções, suas estradas. Impondo-nos desafios. Ensinando-nos lições. Envolvendo-nos nos fatos, nas circunstâncias, nas adversidades, nas experiências pedagógicas do sofrer, do rir, do chorar, do cair, do levantar... De natureza que, nesse contexto da vida sempre em movimento, não há nada pior do que a sensação de que a sua vida está parada. Sei bem o que é isso!...

Encarar uma doença como o câncer não é nada fácil. Nos arranca do convívio social. Interrompe os sonhos, ás vezes por um período de tempo, outras vezes, definitivamente. Atrasa nossos objetivos. Desacelera o ritmo normal da vida... A vida parece que pára, muito embora, paradoxalmente, você esteja em constante exercício físico, psicológico e sobrenatural(fé), objetivando vida normal. 

A grande impressão é que você vai ficando para trás, enquanto todos avançam. Bem, o fato, é que de fato, muitas coisas ficam paralisadas, até que sejam retomadas. 

Paralisar o Curso Tec. de Radiologia foi deprimente, apesar de necessário. Teria pela frente um tratamento que em sua primeira fase, duraria seis meses. Seis meses ausente de uma turma show de bola. Uma turma família. Uma turma angelical. Angelical, não em sua origem, claro, mas em suas atitudes. Atitudes de apoio, solidariedade e muita união. 

Encaramos o tratamento. Eles me apoiaram. Em meu favor sacrificaram-se. Ficaram constantemente na arquibancada da vida, torcendo pela minha recuperação e retorno. Juntamente comigo, se tornaram IMBATÍVEIS. E, eu explico o porque do "IMBATÍVEIS". Na última aula que tivemos, disse para toda a turma a seguinte frase: "Não será o câncer que irá me derrubar, mas serei eu, que com ajuda de vocês, derrubarei o câncer". Num gesto de concordância eles deram um "AMÉM" em forma de aplausos. E assim, comigo, se tornaram "UM", na crença de que seríamos vencedores e não vencidos.

Seis meses se passaram. Tive melhoras na primeira fase do tratamento quimioterápico. E já estava mais do que na hora de fazer uma visita surpresa a toda galera do curso, incluindo o Coordenador Myshael Alesk, a quem serei grato, eternamente.

A aula já havia começado. Estavam beirando o horário de intervalo. A porta da sala estava fechada. Ao me aproximar, percebi que era o professor Hygo(a quem, também, sou grato), que estava dando aula. Empurrei a porta lentamente e expressei um "posso entrar?!" A reação foi de pura alegria! Sentei onde costumava, e quase que de imediato, tive um espaço de tempo concedido pelo professor, para ir a frente expressar minha alegria em rever a turma e falar um pouco de nossa luta contra a doença, bem como, de nossos avanços no tratamento. 

Ao concluir minhas palavras,  fizemos um círculo e, de mãos dadas, oramos o "Pai Nosso" numa voz unânime de gratidão a Deus pelas melhoras alcançadas. 

Na sequência, recebi um abraço de todos, e em seguida, partimos, claro, para as fotos (rsrs). 

Rever toda essa galera, nesse Sábado(03/06/17), foi uma alegria terapêutica e indizível. Uma alegria que me fez muito bem!... A todos vocês sucesso e saúde!

"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".



Com o Coordenador Myshael Alesk - Alegria e Gratidão
                                                   

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Mais Boas Notícias


Olá pessoal!

Algum tempo fiquei sem postar, mas voltamos. Voltamos em um pequeno vídeo, para compartilhar boas notícias. Notícias boas, são sempre bem vindas.

Alessandra Piassarollo disse: "Acredito que nas marés de incerteza, sempre tem uma onda de boas notícias".

Paloma De Déa disse: "Boas notícias fazem com que as tristezas se percam como agulha no palheiro".

Provérbios 15:30 está escrito; "...As boas notícias revigoram os ossos".

Portanto, segue as boas notícias que recebemos na última consulta: 1) A imunidade subiu; 2) há normalidade nos demais exames e 3) entraremos na fase de manutenção, na qual a quimioterapia será a cada 2 meses e bem mais suave, se confirmado, os bons resultados do PET CT, que estamos por receber.

                                                           Veja o vídeo:


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis"

terça-feira, 28 de março de 2017

"Tarde do Bem" - Um apoio à mulheres com Câncer de mama


Helen Nunes, Eliane Brito(a morenaça), Nilda e Jaciara - Respectivamete
Na tarde de hoje (26.03.17) mas precisamente  no auditório da Secretaria Municipal de Saúde de Guarabira, situado no Bairro Novo, presenciamos o encontro "Tarde do Bem", realizado pelos projetos "Mãos que Ajudam" e "Auto Estima na Quimioterapia".

O projeto "Mãos que Ajudam", fundado e encabeçado pelas guerreiras Jaciara Almeida Oliveira e Josenilda  Rodrigues foi lançado hoje, objetivando unir forças, para ajudar as mulheres diagnosticadas com câncer.

No evento, foi posto em ação palestras, brindes, depoimentos e um lanche oferecido para as participantes, bem como, a oficina de turbantes, feita com Helen Nunes, do blog Auto Estima na Quimioterapia.

A solidariedade foi marca expressiva, evidenciado na confecção de turbantes para as mulheres em tratamento quimioterápico do Hospital Napoleão Laureano de João Pessoa.

O ponto forte se deu, mediante emocionantes depoimentos, onde algumas mulheres tiveram espaço para falar um pouco de suas histórias, a saber: Joseane Targino(contadora), Alcidema Santos, Jaciara Almeida, jornalista, Helen Nunes e Josenilda Rodrigues, cuja história, principiada aos 22 anos, acabou por resultar na fundação de uma rede de solidariedade, direcionada as mulheres que sofre com a doença.

Alcidema destacou, além da gravidade do seu câncer, a importância de acreditar e ter fé em Deus. Já Jaciara, salientou a presença da doença na família há algumas décadas, a partir de sua mãe e agora ela em tratamento. Nos trouxe ainda algumas estatísticas concernente ao câncer de mama.


A Morenaça , Eu e Helen Nuns - respectivamente
Helen Nunes, por sua vez, em seu rápido depoimento,  nos falou um pouco de sua luta e tratamento. Fez mastectomia (cirurgia de remoção completa da mama - no caso dela, de uma mama). Teceu seus agradecimentos, destacando a relevância do apoio por parte dos familiares, cônjuges e amigos. E explicou que as mulheres, à despeito dos efeitos do tratamento, podem sim, continuar se cuidando e caprichando na aparência, fazendo uso de lenços, turbantes, maquiagens, enfim; explorar acessórios femininos, trabalhando assim, a satisfação e o contentamento pessoal, que é a auto estima. Ressaltou ainda, que está há um ano sem precisar fazer quimioterapia, o que é uma grande vitória. Ela é  fundadora da página "Auto Estima na Quimioterapia". Por onde passa contagia a todos, transbordando e transmitindo fé, esperança e alegria.

Para quem não sabe, Helen Nunes tem desempenhado um frutífero trabalho de apoio aos pacientes em tratamento de câncer no Hospital Napoleão Laureano em João Pessoa - PB. Sempre ladeada de suas companheiras Jaciara Almeida Oliveira, Nilda Girassol e Eliane Brito(a morenaça) a quem chama de "As Mosqueteiras". São mulheres guerreiras, que estão na árdua luta contra o câncer, e de forma louvável e vitoriosa, ajudam outras na superação de seus dilemas.


Alcidema, Franciany, Isabel e Jaciara - Respectivamente
A técnica em Radiologia que atua no setor de mamografia do Hospital Regional de Guarabira, Franciany Alves, esteve presente no evento. Focou sua fala sobre o câncer de mama e evoluções no diagnóstico em mamografia. Relatou, também, a viagem a São Paulo, onde conheceu o Hospital de Câncer de Barretos, referência no diagnóstico e tratamento.




Projetos "Mãos que Ajudam" e "Auto Estima na Quimioterapia" - Parabéns!!
Este, foi o primeiro de muitos encontros que virão, cuja finalidade é o apoio em todos aspectos a quem enfrenta a doença. 

O blog "Encarando o Linfoma", parabeniza essas guerreiras pela brilhante iniciativa.

Mulheres de fé, anjos da solidariedade, militantes de causa nobre, agentes de boa semeadura!... Sigam em frente. Vocês são mais que vitoriosas. 


A todas vocês, dedico a frase de Juahres Alvez: "Quando há fraternidade, o amor é sereno; quando há solidariedade, o amor é ativo, e quando há caridade, o amor é vivo".

                                                  Grato a Deus pela vida de todas
                                        "Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".

Helen no ensino e confecção de turbantes, entre outros.

Jaciara Almeida, uma das fundadoras do projeto "Mãos que Ajudam".

Eu, Lena e Nicolly - Esposa e Filha no evento: "Tarde do Bem" - Foi um prazer!


                                                   

quarta-feira, 1 de março de 2017

O dia em que fiquei carequinha

Um dos efeitos colaterais considerados mais temidos da quimioterapia é sem sombra de dúvidas a queda de cabelo. É a pior parte. Muitas pessoas que passam pela quimioterapia podem se sentir com raiva, depressão e com vergonha. Por mais que você esteja bem resolvido psicologicamente, é impossível, uma hora ou outra, não ser assaltado por tais sentimentos quando o tal efeito passa a evidenciar-se. Apesar de saber que o mesmo voltará a crescer pós tratamento, é um tanto assustador, principalmente, para as mulheres, pois é algo que está relacionado com sua identidade. 

Não obstante, há homens que são bastante vaidosos com os cabelos, e eu sou um dos tais. Sempre gostei de curtir cortes e penteados modernos. Sempre valorizei esse importante constituinte da boa aparência. Sou do tipo que não abro mão de secador, gel, pomada, cera, spray etc. Por isso, fiquei um tanto mexido quando meus cabelos começaram a cair dezesseis dias pós primeira quimio. Se no caso da mulher os cabelos fala de sua identidade, arrisco dizer, que a relação é a mesma em se tratando de homens vaidosos que cuida e zela pela aparência. Em todo caso, que se vá o cabelo e junto com ele a doença - frase da esposa.

Bem, confesso que demorei alguns dias para passar a máquina e ficar carequinha. Minha ideia, era adiar o máximo possível. Enquanto tivesse cabelo para pentear, lá estava eu resistindo a imposição circunstancial do momento... Mas os dias se passaram, até que um dia, tomando banho, aquele punhado de cabelo molhado me cai pelo rosto. Fiquei triste nesse dia. Além do mais, sentia também o couro cabeludo arder. Resolvi pelar. 

O fato se deu no salão mais sofisticado, luxuoso e comodo da cidade. Salão Visual. Não é exagero da minha parte. A bem da verdade, é a realidade. O proprietário é meu cunhado - José Diniz, mais conhecido como Diniz. Um cabeleireiro de mão cheia. Um verdadeiro "mãos de tesoura". Você acha que estou exagerando? Senta então na cadeira poltrona do Diniz, escolha o corte e aguarde o resultado. Certamente, você comprovará que talento, competência e profissionalismo é sinônimo de brilhantismo de um brilhante profissional. Pura realidade. 

Voltemos ao fato que ocorreu numa Quinta-Feira, 16 de Fevereiro de 2017. Era noite. Próximo das 22;00 horas. Não havia mais cliente no salão. Iríamos iniciar a "sessão zero" - rsrsrs. Os amigos Beguim e Jean, numa demonstração de apoio e solidariedade, participaram ativamente de tudo. Meu cunhado deu as instruções de como usar a máquina. Minha esposa registrava, filmando e fotografando. Não houve peso, tristeza, lágrimas, lamento. Muito pelo contrário. Brincamos de cabeleireiros. Brincamos de ficar carecas. Brincamos, risadas, gargalhadas... Curtimos o ambiente, o momento, o ar condicionado, o som da música da TV Smart pelo Youtube. Curtimos a pipoca da cunhada pipoqueira Eliane - rsrs. Curtimos o espírito fraterno, o gostinho de mais uma etapa superada e vencida. Eles, representando outros tantos, que de outra forma, também nos apoiaram, fizeram essa experiência ser descontraída, leve e suave - esposa, cunhado e amigos. O dia em que fiquei carequinha, eles(Jean e Beguim), também ficaram. Rasparam suas cabeças juntos comigo. Foi um dia de superação, aceitação, lição. Ninguém faz nada sozinho, chega a lugar nenhum sozinho, vence sozinho. 

Admito, os dois primeiros dias quando passava as mãos na cabeça careca, lembrava do seguinte: "estou com câncer". Depois tratei de trabalhar essa mentalidade. Agora o pensamento é diferente. Penso: "estou vencendo o câncer". Ganhei um boné e um gorro, mas acredite, dificilmente faço uso deles. Aprendi a conviver bem com minha carequinha. Minha filha Nicolly de 3 anos, diz que sou o carequinha dela rsrs - "meu carequinha", assim ela fala.

Lena, Diniz, Beguim, Jean - estamos nos trilhos da vitória! "É parte da cura o desejo de ser curado".

Segue o vídeo sobre o referido dia:


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".





 


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Minha primeira quimioterapia

Depois do diagnóstico de linfoma, minha médica marcou a data da primeira quimioterapia - 27 de Janeiro de 2017.
Eu já sabia um pouco sobre os efeitos colaterais, pois tratei de ler artigos concernentes, além de ouvir uma amiga, que já havia passado pelo tratamento. Contudo, uma coisa é você saber, outra totalmente diferente, é vivenciar a experiencia. 

A noite que antecedeu o dia dessa primeira sessão foi longa. Não consegui dormir. Estive acordado até as cinco horas da manhã. Os pensamentos eram os mais diversos possíveis. "Será que vou passar mal?" "Será que vou vomitar?" "Será que vou sentir tonturas?"... 

Bem, chegou o dia. Chegou a hora. As 05:30 da manhã, ouvi a buzina do carro. Era meu tio(a quem serei eternamente grato). Teríamos uma hora e meia de viagem pela frente, até a capital João Pessoa. Estava apreensivo, ansioso, inseguro e ainda, de certa forma, um pouquinho chateado por estar passando por isso tudo. Também pudera, não estaria tratando uma gripe, mas sim, um câncer. Não estava indo tomar um soro, mas, a temida e desgastante quimioterapia.

Durante a viagem a mente seguia borbulhando, produzindo seus brotos, a saber: "meu Deus, por que estou passando por isso?" "Eu deveria estar em casa dormindo." "Eu deveria estar me arrumando para o trabalho." Enfim.

Apesar de tudo, estava querendo mesmo era passar logo por isso. Saber como meu organismo reagiria e tal.

Chegamos ao Hospital Laureano, agilizamos todo o protocolo e subimos para a sala na qual receberia a medicação quimioterápica.

Passei pela primeira sala e por uma janelinha transparente vi os pacientes sentados nas poltronas recebendo suas medicações. Cumprindo suas sessões. Gente de várias idades, diferentes classes sociais, porém, iguais em um ponto, todos lutando e vencendo, a cada sessão o seu drama, o seu câncer. 

Entrei numa das salas. Sentei numa das dez poltronas. Enquanto minha esposa apresentava a prescrição aos enfermeiros, eu, meio que perdido, tentava assimilar e aceitar toda aquela situação. O que estou fazendo aqui? Perguntei a mim mesmo. Rapidamente, me sobreveio um desengano. Senti minha alma afligida em questões de segundos. Surgiu a vontade de chorar, mas segurei. Minha esposa percebeu o quanto eu estava mal por dentro, pois toda hora perguntava se eu estava bem. Eu respondia que sim, mas na verdade, queria sair correndo dali. Pegaram o meu acesso, e, enquanto recebia o primeiro soro, tratei de relaxar a fervilhante cabeça, no fato de que, era tudo para o meu bem. Que não estava só. Que precisava honrar o apoio de uma grande turma que estava na torcida por mim.

A equipe de enfermagem, tornam leve as sessões quimioterápicas com um atendimento de qualidade, competente e um tanto descontraído. No meu caso, sabendo eles que era minha primeira vez, recebi uma certa atenção. Fábio, um dos enfermeiros, nos tirou dúvidas, explicou o que eu poderia sentir como reação imediata(graças a Deus não tive) e mim fez rir algumas vezes. Horas depois, todo aquele fardo psicológico desapareceu.

Outra coisa que também me tranquilizou, foi a troca de ideias que tive com o moço que estava ao meu lado. Ele já estava na terceira sessão. Morava no alto Sertão. Ele havia falado que seu cabelo caiu após 15 dias da sua primeira sessão, mas que não teve, até aquele momento, reações graves. Coisa que desejei que acontecesse comigo também(e estar acontecendo rsrs)... Minha esposa sempre trazia algo para mim. Um suco. Uma água de coco. E eu repartia com ele. Porque ali dentro o sentimento é fraterno, solidário, puro, verdadeiro. Todos torcendo um pelo outro. Ali somos guerreiros. Somos irmãos. Fernando Pessoa, em sua poesia "A navegar", escreve o seguinte: "...Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tira-lo também..." Essas palavras traduz o bem querer mútuo que permeava ali entre nós. 

Interessante, também, é que, sempre que alguém está na última sessão, alguém diz: "fulano fez hoje a última sessão". Todos reagimos em clima de comemoração, e, às vezes, até aplaudimos. O sentimento de vitória de um é, também, de todos. Os que terminam a sessão mais cedo, vão embora, mas antes de sair da sala nos deixam um fervoroso "Deus abençoe a todos" - Amém, respondemos.

Dentro do que pude observar, sentir e vivenciar estou terminantemente convencido de que, não há sentimento mais divino que o amor ao próximo. Plante egoísmo e provavelmente, numa dada fase da vida, você estará só. Plante e cultive amor ao próximo, e certamente, em todas as fases da vida, você nunca estará só.

Bem, no período entre o primeiro e quinto dia, após esta minha primeira quimioterapia, tive náuseas. Mas não cheguei a ter ocorrências de vômitos. A ponta dos dedos das mãos até hoje estão adormecidas. Algumas vezes senti dores de cabeça. A boca amargou. Tive dores de barriga sempre após as refeições. Tudo que era doce me causava enjoos(não suporto ouvir a palavra biscoito rsrs). Tive uns refluxos. Sentir leves dores onde os nódulos estavam localizados. E parte do ombro direito ficou um tanto dormente. Passados 16 dias o cabelo começou a cair.

Hoje meu organismo está mais adaptado, digamos assim. Até agora não tive perda de peso. Não tive perda do apetite. Alimento-me bem. E assim vamos vencendo uma quimio de cada vez. Que venha a terceira - 10/03/17. 


"Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer."
Santo Agostinho

Primeira Quimio 27.01.17
Segunda Quimio 17.02.17
Esposa e a amiga Helen Nunes que também luta contra um cancer
                                                                                   
Gelvana Oliveira - Atua na área da Mamografia. Nos visitando - Grato

"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Sistema Linfático

O sistema linfático faz parte da defesa natural do organismo contra doenças e infecções – chamado sistema imunológico – e funciona também eliminando resíduos e líquidos em excesso no nosso corpo.

O sistema linfático é constituído pelos gânglios ou nódulos linfáticos que se conectam por todo o organismo através de pequenos vasos, os vasos linfáticos, que transportam um líquido incolor chamado linfa, que contém células brancas do sangue (linfócitos), que o organismo usa para combater infecções.


É formado por linfonodos (gânglios), timo, baço, amígdalas, medula óssea (a porção interna macia dos ossos) e tecidos linfáticos no intestino.
Cada um desses elementos exerce seu papel no organismo:

Nódulos linfáticos ou linfonodos – são massas do tamanho de um grão de feijão (linfonodos normais têm 1 a 1,5 cm de diâmetro) e estão localizadas principalmente no pescoço, axilas, peito, abdome e virilha; onde são produzidos e armazenados os linfócitos.

Linfócitossão tipos de glóbulos brancos que se acumulam nos gânglios linfáticos

Vasos linfáticos – conectam os gânglios e é por onde a linfa, um líquido que envolve os tecidos e contém proteínas e células linfoides, transporta os linfócitos. 

Existem três tipos principais de linfócitos, que agem no combate às infecções e ao câncer: 


As células B, que produzem anticorpos, ativando células do sistema imunológico e proteínas do sangue para combater os micro-organismos que causam infecções; 

As células T, que ajudam a proteger o organismo contra vírus, fungos e algumas bactérias. Também desempenham importante papel nas funções das células B.

As células NK (ou natural killer), que têm como foco as células tumorais e protegem contra uma ampla variedade de agentes infecciosos.



sábado, 18 de fevereiro de 2017

Gratidão

Tecer nota de gratidão não é fácil, se corre o risco de ser injusto, esquecendo feitos e nomes. Mas mesmo assim, vou tentar. Vou correr esse risco, e se pecar em algo, esquecendo de alguém, desde já, mim perdoe, não foi intencional.

Certa vez, alguém disse que ser grato e compartilhar gratidão é uma das melhores coisas que um ser humano pode fazer. Jean Bruyere, disse que não há no mundo exagero mais belo que a gratidão.

Se é uma das melhores coisas que o ser humano pode fazer e o exagero mais belo que há no mundo, então, quero assim proceder.

Desde que fomos diagnosticado com câncer, recebemos de amigos e familiares as mais lindas e diversas formas de apoio. Orações, mensagens pelo watshap, comentários nas publicações no facebook, blog, canal... Uns colocaram seus carros a nossa disposição(Luiz, Diniz, Gibal). Outros se ofereceram como motorista(Lindemberg, Josemberg, Laelson, Gibal, Abmael). Outros ainda tomaram a liberdade e fizeram rifas beneficentes(Jean, Cristiano Robert e Alemão). Recebemos visitas de grupos de oração da Igreja Católica; irmãos evangélicos, também, vieram orar por nós, enfim, todas essas manifestações tem sido fundamental, revigorando e renovando nossas forças na luta contra o linfoma. 

Por isso, na postagem de hoje, quero registrar minha gratidão a todos que direta ou indiretamente, até agora, de alguma forma, nos ajudaram, contribuindo assim, para nossa total recuperação e restituição de nossa saúde. A luta continua, tem muito chão pela frente, mas acreditamos, piamente, que venceremos essa batalha.

Hoje o que tenho de mais valor a oferecer a todos é minha gratidão. 

Em primeiro lugar, obrigado a família: esposa(que tem se entregado sem reservas), filhos, mãe(que tem orado bastante), irmãos, tio(que, em seu carro, tem tornado divertidas as viagens), tias, primos, primas, cunhado(que no meu caso, se mostrou um amigo/irmão e de certa forma, pai - José Diniz), cunhadas(que tem sido verdadeiras irmãs). 

Obrigado, também, a família UPA - classe médica, enfermagem, serviços de higienização, radiologia, farmácia, controladores de acesso, recepção, copa, administrativo, motoristas, assistência social, manutenção,  CME, e direção(João Henrique), enfim, obrigado a todos. 

Obrigado a minha turma do Curso Téc. de Radiologia, bem como, a toda coordenação(Myshael Alesk) e direção(Sra Eleonora), além dos professores(Hygo Nonato, Gelvana Oliveira e André Luís), enfim, a todo Colégio e Curso OPATHERNOON.

Direciono meu obrigado também as professoras e demais funcionários do Colégio Geozinho, que nos abraçaram de forma solidária - Deus retribua o feito de todos vocês. 

Ao cantor Guarabirense Edu Lima, aqui também, vai meu muito obrigado pela visita e apoio prestado quando ainda estávamos nos recuperando da biópsia.

Não posso esquecer de Beatriz(19 anos), uma amiga que conhecemos no Laureano, já em período de remissão, pós 10 meses de tratamento contra o Linfoma de Hodgkin. Sua história de luta e superação nos inspirou. Tiramos muitas dúvidas com ela. Grato.

Estendo minha gratidão ainda a Simone, uma amiga nossa, que é dona de um estabelecimento de lanches nas dependências do Hospital Laureano, e que tem nos ajudado muito nos dias de quimioterapia, bem como a Sra Andréa, que trabalha na recepção do setor de Hematologia, e que no inicio de tudo, foi peça chave para agilizarmos nosso tratamento com suas sugestões, agilidade e esclarecimentos. Minha esposa diz que foi um anjo que Deus colocou em nosso caminho. E a Dra Heloísa Cartaxo, uma excelente profissional, de temperamento calmo e sereno, o que acaba, psicologicamente, até nisso, ajudando. 

Um obrigado, também, aos amigos do Rio de Janeiro, Joab e família, Jorge Júnior, o famoso JJ, um irmão que a hotelaria me deu na época que morei no Rio, Glaudson Fernandes, outro que faz parte da família, Zé Carlos, um brother gente fina, Honorina Farias(a quem até hoje chamo de mainha), Rejane Farias, Alexandre(o Grandão), Xandão, Givanildo Batista, Hélio Domingos(Helinho), Alexandre(Ximbinha), Juninho, Marileide, Rose, Welligton(netinho), Suelly Bezerra, e irmãos e amigos evangélicos que lá fiz. Obrigado gente.

Devo concluir esta, agradecendo ainda a Paulinho da Oficina "Autocar" aqui em Guarabira. A Gilson Cândido, Josa da Padaria e Célio Alves, homens de influencia, que tem nos ajudado, demonstrando preocupação e apoio para conosco.

A todos dedico a frase de Juahres Alvez: "Quando há fraternidade, o amor é sereno; quando há solidariedade, o amor é ativo, e quando há caridade, o amor é vivo".

                                                     Grato a Deus pela vida de todos
                                            "Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".


                                                             Eternamente Grato

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

16 dias pós primeira sessão de quimioterapia - Vídeo

Vamos de Youtube também.
Nosso objetivo é deixar disponível nossa experiência nas redes sociais, afim de ajudar outros, que assim como eu, irá recorrer e encontrar forças na história de luta e superação no campo dos linfomas.

"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".





sábado, 11 de fevereiro de 2017

O dia da notícia


Dois meses se haviam passado. Nesse período muitas coisas aconteceram. Crises, dores, exames de sangue, exames de diagnóstico por imagem, consultas e por fim, a biopsia. A biópsia é a única maneira de diagnosticar um linfoma. O processo é o seguinte; o linfonodo aumentado(íngua aumentada) é removido por inteiro, sob anestesia local e enviado para análise por um patologista, na qual, este, avalia células e tecidos. Se células cancerosas estão presentes no composto do glanglio em avaliação, o patologista determinará o tipo de linfoma.

Assim como eu, muita gente já estava sabendo do que possivelmente, poderia estar ocorrendo comigo. Particularmente, eu sabia o que estava prestes a vir pela frente, muito embora, estivesse torcendo para que tudo fosse resultado de um quadro infeccioso. Essa seria a notícia que mim deixaria feliz, a notícia da comemoração.


No espaço compreendido entre os exames e o resultado da biopsia, recebi algumas visitas... Jamais esquecerei a visita do dia 10/12/16. Alunos e amigos da turma do Curso de Radiologia, bem como professores, representados com a presença da profª de mamografia Gelvana Oliveira, e também, a coordenação do Colégio e Curso "OPathernoon", representada com a presença do amigo, irmão e coordenador Myshael Alesk , marcaram aquela tarde de Sábado. Falaram, rezaram, oraram, abraçaram, choraram, e assim mim fizeram chorar também. Sim, mim fizeram chorar porque abriram mão de um certo valor que tinham em caixa, valor este, reservado para a festa de formatura e, nos doaram, para nos ajudar com despesas que teríamos pela frente, caso o resultado da biopsia fosse linfoma ou um quadro infeccioso. É justo e digno, que isto fique registrado aqui como uma forma de dizer obrigado a todos eles. Foi de fato uma visita carregada de renovação, força, apoio, cuidado e solidariedade. A mensagem que mim passaram com tanto apoio foi a seguinte; "você não está só". A partir desse dia a expectativa se tornou a melhor possível, independente do resultado da biópsia. 

Parte da minha Turma do Curso Téc. de Radiologia. A minha direita Profª Gelvana Oliveira. A minha esquerda Coordenador Myshael Alesk - Obrigado por tudo galera!

Bem, voltemos a expectativa do resultado da biópsia.

Passaram-se 15 dias. Retirei os pontos da cirurgia... E chegou o grande dia. Dia 19/12/16.
Nesse dia fiquei em casa. A esposa junto com meu primo, é que foram a João Pessoa, para o Hospital Napoleão Laureano pegar o resultado da biópsia. Passei a manhã e uma boa parte da tarde na maior ansiedade, o que era normal. A grande aflição interna estava na gritante interrogação mental, a saber; o que vou fazer se o resultado for linfoma?... Minha esposa não ligava, não mandava mensagem alguma pelo Watshap, na tentativa, é claro, de nos preservar do choque da notícia, coisa que acabou estabelecendo um certo suspense quando decidiu mim contar em casa, fato, acerca do qual, suspeitei. Imagino o quanto foi difícil e desgastante pra ela esse fatídico dia.

Todos foram avisados do resultado, só faltava eu. Chegaram, pararam o carro, subiram a escada, pois moramos num segundo andar; sentaram no sofá. Meu tio num canto, meu primo noutro... Ninguém falou nada. Parece que estavam esperando eu ir em direção minha esposa para pegar o resultado da mão dela, mas não precisou, ela mesmo mim entregou. Quando abro a folha para ler o resultado, já mim adiantaram e disseram: deu linfoma... Fiquei sério. Segurei o choro. Suportei a pressão psicológica do impacto da notícia. Respirei fundo. Preferi o silencio do momento, enquanto cada um tentava amenizar o choque da notícia com palavras de apoio. Foram embora. Fiquei só com minha esposa, fui até a varanda, e vociferei queixas amargas acerca da situação... A noite minha mãe chega, ela já sabia. Era data de seu aniversário, quando olhei para ela seu semblante era de angustia. Parecia até que eu estava beirando a morte, tamanha era sua tormenta interna. Após as primeiras horas referente a notícia de que eu estava com câncer, minha reação era a de querer mim isolar, ficar só, refletir um pouco, pensar em tudo. Foi ai que resolvi encarar. Traçar medidas de enfrentamento, afinal de contas, muitos resolveram pegar firme comigo nessa luta. Um outro motivo para enfrentar a coisa era o fato de ser novo, além de saber, que poderia ter uma vida normal pós o tratamento, mesmo sabendo que meu linfoma é do tipo incurável, apesar de haver a remissão.

O dia da notícia não foi fácil. Quando se recebe esse tipo de diagnóstico a primeira coisa que vem a cabeça é a morte. Anexado a isso aquela sensação de que você vai deixar a família, os filhos, parentes, amigos, enfim. A  sensação é de inquietação e desassossego, acompanhado de um certo estado existencial de insegurança e finitude. Contudo, decidimos lutar e não se entregar. Estou caminhando rumo a cura, a remissão ou como queira chamar. Vou  ficar bom em nome de Jesus!...

"Você pode ser derrubado, mas cabe a você decidir nunca ser destruído".



Recebendo visita de amigos após os primeiros dia da cirurgia de biópsia

Além de todo apoio eles ainda trocaram meu curativo - Jean e Cristiano, colegas da Curso de Radiologia.


Próximos capítulos: Gratidão e Minha primeira Quimioterapia.

Beijo no coração de todos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

LINFOMA HODGKIN E LINFOMA NÃO-HODGKIN


Na tarde de hoje, mim ocupei em saber um pouco mais sobre linfoma, bem como, pesquisar um artigo mais recente acerca do assunto, para disponibilizar em nosso blog. Já estava na hora de publicar algo nesse sentido, uma vez que, este, é também, um dos objetivos do blog, informar.

Naveguei em alguns sites e encontrei um artigo recente, datado de 01/02/17, que julgo bastante informativo, além de explicativo. Segue, portanto, o conteúdo, cujo autor é o Dr Pedro Pinheiro.

Boa leitura!

Linfoma é a doença que surge quando as células do nosso sistema linfático sofrem transformações malignas, ou seja, viram câncer. Existem dois tipos de linfoma, chamados linfoma Hodgkin e linfoma não-Hodgkin.

Neste texto vamos explicar os seguintes pontos sobre linfoma:
  • O que é o sistema linfático.
  • O que é o linfoma.
  • Diferenças entre Linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin.
  • Causas do linfoma.
  • Sintomas do linfoma.
  • Tratamento do linfoma.
  • Prognóstico do linfoma.

O linfoma, o mieloma múltiplo, a leucemia e a síndrome mielodisplásica são as principais causas de câncer que surgem nas células de defesa do sangue, chamadas popularmente de glóbulos brancos.


Sistema linfático


Para entender melhor o que é um linfoma e por que ele é diferente da leucemia, devemos primeiro conhecer o sistema linfático e quais são as células que o compõe.

O sistema linfático é um conjunto de vasos, linfonodos e tecidos que possuem quatro funções básicas:

1) Remoção de líquidos que estão fora da circulação sanguínea. Os vasos linfáticos estão espalhados pelo corpo assim como os vasos sanguíneos. Ambos estão interligados e sempre que há extravasamento de água para fora dos vasos sanguíneos, o sistema linfático a recolhe e devolve ao sangue.

2) As gorduras digeridas e absorvidas nos intestinos passam pelo sistema linfático antes de seguirem para a circulação sanguínea.

3) Desenvolvimento e circulação das células de defesa, chamados de linfócitos. Os linfócitos são apenas um das linhagens dos glóbulos brancos, que entre suas funções está a produção dos anticorpos. Os linfócitos circulam no sangue e no sistema linfático.

4) Recolher e encaminhar microrganismos invasores até os órgãos linfóides para que possam ser combatidos pelo nosso sistema imune.



Vamos explicar:


Os vasos linfáticos transportam a linfa, um líquido brancacento formado basicamente de plasma e glóbulos brancos. Como já citado, estes vasos recolhem o excesso de líquido que normalmente extravasa dos vasos sanguíneos e se deposita nos tecidos do corpo. Esse líquido recolhido viaja até a cadeia de linfonodos (gânglios linfáticos) mais próxima. Os linfonodos são ricos em células de defesa e qualquer microrganismo invasor que por lá passe, é eliminado. Podemos dizer que os linfócitos são a polícia e os gânglios linfáticos a delegacia.

Depois desta “filtragem” o líquido linfático retorna aos vasos sanguíneos.

O baço, o timo e as amígdalas também são órgãos linfáticos. Grosseiramente, podemos dizer que funcionam como grandes linfonodos.



LINFOMAS


Os linfomas são os cânceres das células do sistema linfático, basicamente dos linfócitos.

Podemos dizer que o linfoma é um primo da leucemia. A diferença está no fato do linfoma crescer dentro dos órgãos linfoides, como nos linfonodos ou baço, enquanto que a leucemia se forma na medula óssea, liberando suas células malignas para circularem pelo sangue. Se um linfócito sofrer uma transformação maligna na medula óssea, onde é produzido, ele vira leucemia. Se essa mutação ocorrer quando ele já se encontra nos linfonodos, vira linfoma. Usando a mesma analogia anterior, podemos dizer que o linfoma é câncer da delegacia e a leucemia é o câncer dos policiais. A leucemia é um câncer do sangue e o linfoma um câncer linfático.



LINFOMA DE HODGKIN X LINFOMA NÃO-HODGKIN


O linfoma foi descrito pela primeira vez em 1839 por Thomas Hodgkin, médico inglês. Desde então, foram descritos mais de 40 subtipos que se diferenciam pela linhagem das células e por alterações a nível molecular.

Hoje classificamos os linfomas em dois grandes grupos: o linfoma de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin. Ambos tem apresentação clínica semelhante, porém, dependendo do subtipo, o prognóstico varia muito. O linfoma não-hodgkin é mais comum e apresenta vários subtipos, com prognósticos distintos, sendo os mais comuns o linfoma difuso de grandes células B (linfoma agressivo) e o linfoma folicular (linfoma indolente).

A diferença entre o linfoma de Hodgkin e o linfoma não-Hodgkin está nas características das células malignas. Essa distinção só é possível após a biópsia e avaliação microscópica das células cancerígenas. Em geral, podemos dizer que as células malignas do linfoma de Hodgkin sofrem muitas alterações, tornando-se muito diferentes das células normais dos tecidos linfoides, enquanto que as células do linfoma não-Hodgkin sofrem transformação maligna, mas preservam algumas características iniciais. Se você quiser entender melhor como uma célula vira câncer.

Os linfomas são os tumores sanguíneos mais comuns, sendo mais frequentes que as leucemias, e estão entre os 10 cânceres mais comuns no mundo. Podem acometer desde crianças até idosos. No Brasil, os casos mais famosos de linfoma são os da ex-presidenta Dilma Rousseff, da autora de novelas Glória Perez e do ator Reynaldo Gianecchini.



O que causa o linfoma?


Não se sabe bem a sua causa, porém, algumas associações estão bem estabelecidas. Uma delas é com o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, (Infecção pelo HIV e a pela bactéria H.pylori, causadora de úlceras gástricas, também estão relacionadas a alguns tipos de linfomas.

Outros fatores de risco são história de linfoma na família, imunossupressão, como nos casos de transplante de órgãos, doenças autoimunes, exposição a radiação e a alguns tipos de herbicidas.



SINTOMAS DO LINFOMA


O linfoma costuma apresentar sintomas inespecíficos, como febre, suores noturnos, perda de peso, prurido (coceira) e astenia. Um achado mais específico é o aumento assintomático dos linfonodos (ínguas). Abro aqui um parêntese para explicar melhor.

Todo mundo que já teve uma infecção de garganta, uma afta, uma espinha maior no rosto ou mesmo um ferida no couro cabeludo, notou que podem surgir um ou mais linfonodos aumentados e dolorosos no pescoço. É a famosa íngua. Isto é chamado na linguagem médica de linfadenopatia reacional, que são linfonodos recebendo e combatendo as bactérias que estão presentes em uma região próxima. Assim que a infecção é controlada, em poucos dias, os linfonodos retornam ao normal.

No linfoma este aumento dos gânglios é indolor e persistente, por vezes progressivo, e não se identificam lesões ou infecções que possam justificar o seu aparecimento. Esse aumento não é reacional, e sim, pelo crescimento das células cancerígenas. É o tumor do linfoma.

Outro sinal de linfoma é o aparecimento de linfonodos em locais pouco comuns, como na região acima da clavícula ou nas axilas. Aumento de linfonodos associado a um baço aumentado de tamanho (normalmente perceptível ao exame físico) é muito sugestivo de linfoma. Dor abdominal também é um sintoma comum.

Outros gânglios que costumam formar tumores no linfoma são os do mediastino, região dentro do tórax situada entre o coração e os pulmões. Neste caso só são identificados através de exames, como a radiografia de tórax ou tomografia computadorizada.

O diagnóstico definitivo do linfoma é feito habitualmente através da biópsia do linfonodo aumentado.



TRATAMENTO DO LINFOMA


O tratamento depende do estágio do linfoma, mas geralmente são usados a quimioterapia e a radioterapia. Em casos mais graves, não responsivos à quimioterapia, pode-se tentar o transplante de medula óssea.

Em alguns casos, o linfoma pode ser tão indolente, ou seja, de crescimento tão lento, que o médico pode optar por não iniciar um tratamento agressivo, principalmente se o paciente for mais idoso. O paciente fica sendo acompanhado periodicamente e a quimioterapia só é iniciada se o tumor começar a se proliferar de forma perigosa.



PROGNÓSTICO DO LINFOMA


Bom, todo mundo que procura informação sobre qualquer tipo de câncer, quer logo saber qual a chance de cura. Falar em probabilidade de cura em câncer é muito delicado, principalmente nos linfomas, que apresentam inúmeros subtipos e diferentes prognósticos.

Como em qualquer neoplasia, quanto mais precoce for a detecção, maiores são as chances de sucesso. No linfoma de Hodgkin, a detecção precoce, quando ainda há poucos linfonodos acometidos, normalmente indica grande probabilidade de sucesso da quimioterapia. Mais de 80% dos pacientes com linfoma de Hodgkin inicial conseguem controlar a doença.

Os linfomas não-Hodgkin apresentam muitos subtipos, mas didaticamente, podemos dividi-los em duas grandes categorias.


1) Tumores indolentes (baixo grau).

São aqueles que crescem lentamente, ao longo de anos. Se por um lado o paciente pode viver até 20 anos com o tumor, por outro, a cura completa é mais difícil, principalmente em fases avançadas, pois as células respondem pouco à quimioterapia. Se o paciente for idoso e apresentar um tumor não-Hodgkin indolente, o mesmo poderá não ter sua expectativa de vida muito alterada.



2) Tumores agressivos (alto grau).

Os linfomas não-Hodgkin de alto grau, se não tratados a tempo, levam ao óbito em alguns meses. O lado bom da história é que são neoplasias que costumam responder bem à quimioterapia havendo uma taxa de cura alta se identificados precocemente.



Linfomas não-Hodgkin indolentes:

  • Linfoma folicular.
  • Linfoma difuso de pequenas células.
  • Linfoma MALT.
  • Linfoma de pequenos linfócitos.
  • Macroglobulinemia de Waldenstrom.


Linfomas não-Hodgkin agressivos:

  • Linfoma difuso de grandes células B.
  • Linfoma de células do manto.
  • Linfoma linfoblástico.
  •  Linfoma primário do mediastino de grandes células B.
  • Linfoma de Burkitt.

     Autor: Dr Pedro Pinheiro 

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Se tratava de um linfoma


Vou tentar resumir.

Meados de Agosto de 2016, as primeiras percepções, na verdade, vieram de amigos e familiares. Foram eles que sempre perguntaram: "que landra é essa em seu pescoço?". Respondia: "sei lá, apareceu, mas depois desaparece". Para mim não era nada demais.

Certa noite em casa, deitado no sofá, assistindo um bom filme, passei minha mão direita sobre a axila esquerda. Tomei um susto. Fiquei espantado. Fui até o  espelho, levantei o braço e senti medo pela enorme bola(linfonodo aumentado) que ali estava. A partir daí, passei a mim preocupar.

Aproveitando o fato de trabalhar na área da saúde, falei com alguns médicos, mostrei as regiões nas quais, surgiram os linfonodos, a saber: pescoço e axila. Aqui, abro espaço, para dizer obrigado aos médicos Dr Rafael, Dr Alexandre e Dra Flávia Paredes(UPA de Guarabira), que nos deram atenção e orientações. 

Era época de política na esfera municipal. Estava engajado, trabalhando para eleger meus representantes, de forma que, optei por dar atenção ao que estava sentindo, pós as campanhas políticas... 

Os linfonodos cada vez mais cresciam, ganhavam novas proporções quanto ao tamanho, e agora com um agravante, as dores nas costas. Dores essas, que se estendiam até a região do mediastino, acompanhadas de formigamentos. Eram dores suportáveis, mas incomodavam bastante. Até então, não sabia se tais dores, tinham relação com os linfonodos aumentados. Algumas vezes, pensava, que eram por conta das práticas esportivas semanais, mais especificamente, o futsal. Estava enganado! ...

Entramos em Outubro, passou a política... Já estava mais do que na hora, de saber de fato, o que estava ocorrendo com minha saúde. 

Fui submetido a exames ultra-sonográficos(pescoço/axilar). O laudo foi o seguinte: "Presença de Linfonodos aumentados...". Eu mesmo, conforme o laudo mostrava, contabilizei 19 "imagens aumentadas" nas partes moles das regiões em questão. Passei a pesquisar: internet, youtube e, assim, mim deparei com o termo "LINFOMA"... Fiquei muito pensativo pelos dias a frente, pois, não era apenas um termo, mas sim, um mal, uma adversidade, uma ameça, um perigo, uma doença, um tipo de câncer. Investigando e fazendo associações quanto aos sintomas, sempre perguntava a mim mesmo: "Será que estou com linfoma?"... A possibilidade de estar com linfoma mexeu muito com meu psique...

Fui encaminhado para uma Hematologista. Esta, por sua vez, foi bem direta - "Vamos biopsiar". 
A biópsia é considerada obrigatória para diagnosticar o linfoma e é a única maneira de identificar o tipo de linfoma não-Hodgkin. 

Passei pela biopsia... Foi confirmado: "Linfoma folicular". Posteriormente, foi recomendado o exame imuno-histoquímico, para definição do potencial biológico, ou seja, definir o grau do Linfoma. Para tal, fiz a biopsia de medula,(muito dolorosa por sinal, quase desmaiei de dor). A conclusão desta, foi a seguinte: "LINFOMA FOLICULAR GRAU 2".

Tudo o que estava sentindo (glanglios aumentados e dores nas costas) 4 meses antes, se tratava de um linfoma não-Hodgkin grau 2.

Estamos em tratamento, rumo a cura.
   "Encarar sim, desistir jamais".

                  20 minutos pós  Biópsia - Hospital Napoleão Laureano, João Pessoa - PB
                                                               05.12.16


Em casa de repouso, três horas pós Biópsia
05.12.16