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sábado, 11 de fevereiro de 2017

O dia da notícia


Dois meses se haviam passado. Nesse período muitas coisas aconteceram. Crises, dores, exames de sangue, exames de diagnóstico por imagem, consultas e por fim, a biopsia. A biópsia é a única maneira de diagnosticar um linfoma. O processo é o seguinte; o linfonodo aumentado(íngua aumentada) é removido por inteiro, sob anestesia local e enviado para análise por um patologista, na qual, este, avalia células e tecidos. Se células cancerosas estão presentes no composto do glanglio em avaliação, o patologista determinará o tipo de linfoma.

Assim como eu, muita gente já estava sabendo do que possivelmente, poderia estar ocorrendo comigo. Particularmente, eu sabia o que estava prestes a vir pela frente, muito embora, estivesse torcendo para que tudo fosse resultado de um quadro infeccioso. Essa seria a notícia que mim deixaria feliz, a notícia da comemoração.


No espaço compreendido entre os exames e o resultado da biopsia, recebi algumas visitas... Jamais esquecerei a visita do dia 10/12/16. Alunos e amigos da turma do Curso de Radiologia, bem como professores, representados com a presença da profª de mamografia Gelvana Oliveira, e também, a coordenação do Colégio e Curso "OPathernoon", representada com a presença do amigo, irmão e coordenador Myshael Alesk , marcaram aquela tarde de Sábado. Falaram, rezaram, oraram, abraçaram, choraram, e assim mim fizeram chorar também. Sim, mim fizeram chorar porque abriram mão de um certo valor que tinham em caixa, valor este, reservado para a festa de formatura e, nos doaram, para nos ajudar com despesas que teríamos pela frente, caso o resultado da biopsia fosse linfoma ou um quadro infeccioso. É justo e digno, que isto fique registrado aqui como uma forma de dizer obrigado a todos eles. Foi de fato uma visita carregada de renovação, força, apoio, cuidado e solidariedade. A mensagem que mim passaram com tanto apoio foi a seguinte; "você não está só". A partir desse dia a expectativa se tornou a melhor possível, independente do resultado da biópsia. 

Parte da minha Turma do Curso Téc. de Radiologia. A minha direita Profª Gelvana Oliveira. A minha esquerda Coordenador Myshael Alesk - Obrigado por tudo galera!

Bem, voltemos a expectativa do resultado da biópsia.

Passaram-se 15 dias. Retirei os pontos da cirurgia... E chegou o grande dia. Dia 19/12/16.
Nesse dia fiquei em casa. A esposa junto com meu primo, é que foram a João Pessoa, para o Hospital Napoleão Laureano pegar o resultado da biópsia. Passei a manhã e uma boa parte da tarde na maior ansiedade, o que era normal. A grande aflição interna estava na gritante interrogação mental, a saber; o que vou fazer se o resultado for linfoma?... Minha esposa não ligava, não mandava mensagem alguma pelo Watshap, na tentativa, é claro, de nos preservar do choque da notícia, coisa que acabou estabelecendo um certo suspense quando decidiu mim contar em casa, fato, acerca do qual, suspeitei. Imagino o quanto foi difícil e desgastante pra ela esse fatídico dia.

Todos foram avisados do resultado, só faltava eu. Chegaram, pararam o carro, subiram a escada, pois moramos num segundo andar; sentaram no sofá. Meu tio num canto, meu primo noutro... Ninguém falou nada. Parece que estavam esperando eu ir em direção minha esposa para pegar o resultado da mão dela, mas não precisou, ela mesmo mim entregou. Quando abro a folha para ler o resultado, já mim adiantaram e disseram: deu linfoma... Fiquei sério. Segurei o choro. Suportei a pressão psicológica do impacto da notícia. Respirei fundo. Preferi o silencio do momento, enquanto cada um tentava amenizar o choque da notícia com palavras de apoio. Foram embora. Fiquei só com minha esposa, fui até a varanda, e vociferei queixas amargas acerca da situação... A noite minha mãe chega, ela já sabia. Era data de seu aniversário, quando olhei para ela seu semblante era de angustia. Parecia até que eu estava beirando a morte, tamanha era sua tormenta interna. Após as primeiras horas referente a notícia de que eu estava com câncer, minha reação era a de querer mim isolar, ficar só, refletir um pouco, pensar em tudo. Foi ai que resolvi encarar. Traçar medidas de enfrentamento, afinal de contas, muitos resolveram pegar firme comigo nessa luta. Um outro motivo para enfrentar a coisa era o fato de ser novo, além de saber, que poderia ter uma vida normal pós o tratamento, mesmo sabendo que meu linfoma é do tipo incurável, apesar de haver a remissão.

O dia da notícia não foi fácil. Quando se recebe esse tipo de diagnóstico a primeira coisa que vem a cabeça é a morte. Anexado a isso aquela sensação de que você vai deixar a família, os filhos, parentes, amigos, enfim. A  sensação é de inquietação e desassossego, acompanhado de um certo estado existencial de insegurança e finitude. Contudo, decidimos lutar e não se entregar. Estou caminhando rumo a cura, a remissão ou como queira chamar. Vou  ficar bom em nome de Jesus!...

"Você pode ser derrubado, mas cabe a você decidir nunca ser destruído".



Recebendo visita de amigos após os primeiros dia da cirurgia de biópsia

Além de todo apoio eles ainda trocaram meu curativo - Jean e Cristiano, colegas da Curso de Radiologia.


Próximos capítulos: Gratidão e Minha primeira Quimioterapia.

Beijo no coração de todos.

Um comentário:

  1. Melhoras amigo e por essa causa me ponho de joelhos em nome de Jesus.De Adriano de Sapé e família.

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