quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Hoje é dia de 3.5 - "A alegria de está vivo".

A vida é um dom de Deus. E celebrá-la é sempre uma alegria. Betty Cires disse o seguinte: "Veja sempre os pequenos milagres que acontecem ao seu redor e celebre a alegria de está vivo, para poder vê-los". Esta parte da frase: "...celebrar a alegria de está vivo", me chamou atenção, pois tenho, realmente, motivos dobrados para isso.

Há um ano e oito meses, quando entrei na sala da médica para lhe apresentar o resultado da biópsia, ela me disse que eu estava com um Linfoma Não-Hodgkin grau 2, e pontou: "não há cura para este tipo de linfoma..." O impacto emocional e psicológico foi grande. Passei um bom tempo com este "não tem cura" na cabeça, sempre com aquela sensação e pensamento de que iria morrer, afinal de contas, não fui diagnosticado com resfriado, mas sim, câncer; a doença mais temida do século presente.

O tempo foi passando, e, eu ia encarando cada etapa do tratamento... Obtive melhoras significativas. A resposta ao tratamento veio de forma completa... Hoje, estou tão bem, apesar de ainda está em tratamento, que nem parece que fui diagnosticado com câncer. Sobrevivi. Estou vivo. Vivendo e vendo a vida sob uma outra ótica. Não vou negar que, às vezes, de forma súbita, me vem o receio e medo da recidiva... Todavia, prefiro seguir acreditando na vida. Prefiro seguir acreditando que vou viver bastante. Prefiro seguir acreditando que terei muitos momentos de alegria e conquistas com familiares, amigos e comigo mesmo. Prefiro seguir na esperança, envolvido na ALEGRIA DE ESTÁ VIVO, valorizando cada vez mais a vida.

Quando você aprende a viver cercado pela alegria de está vivo, você percebe que não há tragédia, pois a maior tragédia acontece quando a alegria da vida é perdida. Albert Schweitzer, disse que a "tragédia não é quando um homem morre. A tragédia é aquilo que morre dentro de um homem enquanto ele ainda está vivo..." Portanto, busque nutrir relacionamentos significativos e ricos. Busque se alimentar corretamente, fazer atividades físicas e prazerosas. Busque ler bons livros, assistir bons filmes, ouvir boas músicas. Busque o cultivo do autoconhecimento. Relaxe. Divirta-se. Viaje. Corra atrás... E acima de tudo, REGUE sempre seu RELACIONAMENTO com DEUS... Nisso consiste, entre outras, a alegria de está vivo.
Ao autor do dom da vida - Deus, registro nesse espaço, minha alegria e gratidão. Pois hoje(16.08.2018) é dia de parabéns, é dia de 3.5, é dia de celebração, é dia de aniversário, é dia de dizer: viva o está vivo! Viva a Vida!...

"Você é uma obra divina de Deus que carrega dentro de si todas as possibilidades de ser feliz".
                                             Que haja vida dentro de você.









segunda-feira, 25 de junho de 2018

Ajude outros a vencer obstáculos

  Dia 30 de Novembro de 2017, foi a última vez que escrevi aqui no blog. Me lembro que tratei da minha alegria pelo resultado do primeiro PET CT, que deu negativo...

Quase seis meses depois da última postagem, resolvi voltar a escrever, e explico o motivo. Quando recebi meu diagnóstico, recorri ao blog de outras pessoas para compreender melhor como esse processo aconteceria comigo. E tudo que encontrei foi de grande ajuda. A ideia desse blog, também, tinha, tem e terá esse objetivo, ou seja, amenizar de certa forma, o sofrimento de pessoas que todos os anos entram nas novas estatísticas de diagnósticos de câncer, seja ele que tipo for... Nesta última semana de Junho(2018), duas pessoas fizeram contato comigo pelas redes sociais. Uma em tratamento de câncer de mama, que fará a mastectomia. A outra, teve seu pai diagnosticado com o mesmo tipo de linfoma que me acometeu. A partir daí, senti vontade de voltar a escrever por aqui.

Sempre fico feliz quando as pessoas, procurando informações sobre a doença, acabam se deparando com minha história de luta contra o câncer, disponível no mundo "google". Há uma troca de experiências. Há compartilhamento de informações, orientações, apoio mútuo. Adoro isso. Ajudar pessoas, principalmente, aquelas que estão na luta com este mal secular, chamado câncer. Conto como tudo aconteceu comigo. Elas, também relatam suas dificuldades, diagnósticos e tratamento. Tento sempre colocá-los pra cima, afirmando que estou bem e que elas podem gozar desse refrigério também. Viramos amigos no face, watshap, instagran, enfim. Ser apoiado e apoiar num contexto de dor é fundamental.

Não obstante a partida de amigos e conhecidos em decorrência da doença, vejo que estou bem, muito bem. Os cabelos estão crescidos. Os exames periódicos apresentam taxas dentro da normalidade. Estou fazendo a terapia de manutenção a cada dois meses com medicação quimioterápica. E em breve, espero chegar ao fim do tratamento com aproveitamento de cura total, e pra isso, falta só mais um ano... Continuo seguindo firme e feliz nessa luta, por perceber que tudo vem dando certo, e que a bondade divina tem nos assistido de tal modo, que outras pessoas tem recebido força quando entram em contato com nossa história de luta e superação.

"Ajude outros a vencer obstáculos".


Foto atual / 1 ano e 7 meses de tratamento 










quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Voltando a escrever - Avançamos

Olá galera! Estou de volta.

A última vez que escrevi aqui no Blog foi em 06 de Julho de 2017. Dia 06 agora de Dezembro, farão seis meses.

Bem, de Julho pra cá, muitas coisas aconteceram, as quais, passarei a descrever e narrar aqui.

Todo paciente em tratamento de câncer, após certo tempo, precisa se submeter a exames de controle da doença. Havendo cumprido os seis meses de quimioterapia pesada(R-Chop), a médica nos solicitou a nossa primeira Petscan ou PET /CT, pois através desta, é possível saber a eficácia do tratamento, ou seja, se a doença ainda estaria ou não em atividade.

Dia 27 de Julho de 2017, realizei o PET/CT. A expectativa associada a ansiedade era grande. Os nódulos haviam desaparecido durante as sessões quimioterápicas. Por essa razão, eu acreditava que o PET/CT confirmaria nossa melhora. Os dias se passaram. Era hora de viajar à capital João Pessoa, para pegar o tão esperado resultado... Juntamente com minha esposa, que sempre esteve do meu lado, entramos na clínica, pegamos o exame, e passamos a ler... Saímos da clínica cheios de alegria, pois em meio a tudo que lemos, lá estava uma frase, que qualquer leigo entenderia: "...NEGATIVO PARA ATIVIDADE DE DOENÇA..." Isso mesmo! A doença não estava mais em atividade. 

Com base nesse resultado, entrei para a chamada "TERAPIA DE MANUTENÇÃO". Era tudo o que queria, pois além de ficar livre daquela quimioterapia pesada e cheia de efeitos colaterais, os cabelos voltariam a crescer e não seria mais necessário usar máscara o tempo todo. Você não faz ideia do quanto isso me animou!...

A manutenção durará 2 anos. É feita a cada 2 meses. E, apenas com uma medicação chamada MABITHERA. Dia 11 agora de Dezembro de 2017, receberei a terceira aplicação... Avançamos.

Seis meses já se passaram, desde a realização desse primeiro exame PET/CT. Dia 05 agora de Dezembro de 2017, farei o segundo. A expectativa e ansiedade parece estar maior que a primeira vez. Digo isso porque, nesse intervalo entre um exame e outro, passei a sentir umas dores nas costas. Até cheguei, numa das crises, a dar entrada no hospital. 

Os nódulos não voltaram, e graças a Deus por isso, contudo, é impossível ficar totalmente em paz diante da possibilidade de acabar sabendo que tais dores, tem ou terá relação com a doença... Espero em Deus que não. Apesar de minha expectativa oscilar, até porque sou humano, sigo confiante que a Divina Misericórdia continuará manisfesta em nosso processo de tratamento e recuperação, possibilitando melhoras sobre melhoras.

Considero que estou bem; muito bem. Os cabelos estão crescidos. Os exames periódicos apresentam taxas normais. E assim, continuo seguindo firme nessa luta contra o linfoma folicular grau 2 com o qual fui diagnosticado em 19 de Dezembro de 2016.

Espero em breve poder voltar a usar esse espaço, para falar de minha alegria, por ocasião do resultado do segundo exame PET/CT, que assim como o primeiro, será favorável, a saber: "NEGATIVO PARA ATIVIDADE DE DOENÇA". Assim espero!... 

Processo do crescimento do cabelo 06 meses depois da última quimioterapia pesada - R-Chop.


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".

terça-feira, 6 de junho de 2017

Revê-los: Uma alegria que me fez bem

O mundo dar voltas. O tempo não pára. A vida está sempre seguindo seu curso, seu fluxo, suas direções, suas estradas. Impondo-nos desafios. Ensinando-nos lições. Envolvendo-nos nos fatos, nas circunstâncias, nas adversidades, nas experiências pedagógicas do sofrer, do rir, do chorar, do cair, do levantar... De natureza que, nesse contexto da vida sempre em movimento, não há nada pior do que a sensação de que a sua vida está parada. Sei bem o que é isso!...

Encarar uma doença como o câncer não é nada fácil. Nos arranca do convívio social. Interrompe os sonhos, ás vezes por um período de tempo, outras vezes, definitivamente. Atrasa nossos objetivos. Desacelera o ritmo normal da vida... A vida parece que pára, muito embora, paradoxalmente, você esteja em constante exercício físico, psicológico e sobrenatural(fé), objetivando vida normal. 

A grande impressão é que você vai ficando para trás, enquanto todos avançam. Bem, o fato, é que de fato, muitas coisas ficam paralisadas, até que sejam retomadas. 

Paralisar o Curso Tec. de Radiologia foi deprimente, apesar de necessário. Teria pela frente um tratamento que em sua primeira fase, duraria seis meses. Seis meses ausente de uma turma show de bola. Uma turma família. Uma turma angelical. Angelical, não em sua origem, claro, mas em suas atitudes. Atitudes de apoio, solidariedade e muita união. 

Encaramos o tratamento. Eles me apoiaram. Em meu favor sacrificaram-se. Ficaram constantemente na arquibancada da vida, torcendo pela minha recuperação e retorno. Juntamente comigo, se tornaram IMBATÍVEIS. E, eu explico o porque do "IMBATÍVEIS". Na última aula que tivemos, disse para toda a turma a seguinte frase: "Não será o câncer que irá me derrubar, mas serei eu, que com ajuda de vocês, derrubarei o câncer". Num gesto de concordância eles deram um "AMÉM" em forma de aplausos. E assim, comigo, se tornaram "UM", na crença de que seríamos vencedores e não vencidos.

Seis meses se passaram. Tive melhoras na primeira fase do tratamento quimioterápico. E já estava mais do que na hora de fazer uma visita surpresa a toda galera do curso, incluindo o Coordenador Myshael Alesk, a quem serei grato, eternamente.

A aula já havia começado. Estavam beirando o horário de intervalo. A porta da sala estava fechada. Ao me aproximar, percebi que era o professor Hygo(a quem, também, sou grato), que estava dando aula. Empurrei a porta lentamente e expressei um "posso entrar?!" A reação foi de pura alegria! Sentei onde costumava, e quase que de imediato, tive um espaço de tempo concedido pelo professor, para ir a frente expressar minha alegria em rever a turma e falar um pouco de nossa luta contra a doença, bem como, de nossos avanços no tratamento. 

Ao concluir minhas palavras,  fizemos um círculo e, de mãos dadas, oramos o "Pai Nosso" numa voz unânime de gratidão a Deus pelas melhoras alcançadas. 

Na sequência, recebi um abraço de todos, e em seguida, partimos, claro, para as fotos (rsrs). 

Rever toda essa galera, nesse Sábado(03/06/17), foi uma alegria terapêutica e indizível. Uma alegria que me fez muito bem!... A todos vocês sucesso e saúde!

"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".



Com o Coordenador Myshael Alesk - Alegria e Gratidão
                                                   

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Mais Boas Notícias


Olá pessoal!

Algum tempo fiquei sem postar, mas voltamos. Voltamos em um pequeno vídeo, para compartilhar boas notícias. Notícias boas, são sempre bem vindas.

Alessandra Piassarollo disse: "Acredito que nas marés de incerteza, sempre tem uma onda de boas notícias".

Paloma De Déa disse: "Boas notícias fazem com que as tristezas se percam como agulha no palheiro".

Provérbios 15:30 está escrito; "...As boas notícias revigoram os ossos".

Portanto, segue as boas notícias que recebemos na última consulta: 1) A imunidade subiu; 2) há normalidade nos demais exames e 3) entraremos na fase de manutenção, na qual a quimioterapia será a cada 2 meses e bem mais suave, se confirmado, os bons resultados do PET CT, que estamos por receber.

                                                           Veja o vídeo:


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis"

terça-feira, 28 de março de 2017

"Tarde do Bem" - Um apoio à mulheres com Câncer de mama


Helen Nunes, Eliane Brito(a morenaça), Nilda e Jaciara - Respectivamete
Na tarde de hoje (26.03.17) mas precisamente  no auditório da Secretaria Municipal de Saúde de Guarabira, situado no Bairro Novo, presenciamos o encontro "Tarde do Bem", realizado pelos projetos "Mãos que Ajudam" e "Auto Estima na Quimioterapia".

O projeto "Mãos que Ajudam", fundado e encabeçado pelas guerreiras Jaciara Almeida Oliveira e Josenilda  Rodrigues foi lançado hoje, objetivando unir forças, para ajudar as mulheres diagnosticadas com câncer.

No evento, foi posto em ação palestras, brindes, depoimentos e um lanche oferecido para as participantes, bem como, a oficina de turbantes, feita com Helen Nunes, do blog Auto Estima na Quimioterapia.

A solidariedade foi marca expressiva, evidenciado na confecção de turbantes para as mulheres em tratamento quimioterápico do Hospital Napoleão Laureano de João Pessoa.

O ponto forte se deu, mediante emocionantes depoimentos, onde algumas mulheres tiveram espaço para falar um pouco de suas histórias, a saber: Joseane Targino(contadora), Alcidema Santos, Jaciara Almeida, jornalista, Helen Nunes e Josenilda Rodrigues, cuja história, principiada aos 22 anos, acabou por resultar na fundação de uma rede de solidariedade, direcionada as mulheres que sofre com a doença.

Alcidema destacou, além da gravidade do seu câncer, a importância de acreditar e ter fé em Deus. Já Jaciara, salientou a presença da doença na família há algumas décadas, a partir de sua mãe e agora ela em tratamento. Nos trouxe ainda algumas estatísticas concernente ao câncer de mama.


A Morenaça , Eu e Helen Nuns - respectivamente
Helen Nunes, por sua vez, em seu rápido depoimento,  nos falou um pouco de sua luta e tratamento. Fez mastectomia (cirurgia de remoção completa da mama - no caso dela, de uma mama). Teceu seus agradecimentos, destacando a relevância do apoio por parte dos familiares, cônjuges e amigos. E explicou que as mulheres, à despeito dos efeitos do tratamento, podem sim, continuar se cuidando e caprichando na aparência, fazendo uso de lenços, turbantes, maquiagens, enfim; explorar acessórios femininos, trabalhando assim, a satisfação e o contentamento pessoal, que é a auto estima. Ressaltou ainda, que está há um ano sem precisar fazer quimioterapia, o que é uma grande vitória. Ela é  fundadora da página "Auto Estima na Quimioterapia". Por onde passa contagia a todos, transbordando e transmitindo fé, esperança e alegria.

Para quem não sabe, Helen Nunes tem desempenhado um frutífero trabalho de apoio aos pacientes em tratamento de câncer no Hospital Napoleão Laureano em João Pessoa - PB. Sempre ladeada de suas companheiras Jaciara Almeida Oliveira, Nilda Girassol e Eliane Brito(a morenaça) a quem chama de "As Mosqueteiras". São mulheres guerreiras, que estão na árdua luta contra o câncer, e de forma louvável e vitoriosa, ajudam outras na superação de seus dilemas.


Alcidema, Franciany, Isabel e Jaciara - Respectivamente
A técnica em Radiologia que atua no setor de mamografia do Hospital Regional de Guarabira, Franciany Alves, esteve presente no evento. Focou sua fala sobre o câncer de mama e evoluções no diagnóstico em mamografia. Relatou, também, a viagem a São Paulo, onde conheceu o Hospital de Câncer de Barretos, referência no diagnóstico e tratamento.




Projetos "Mãos que Ajudam" e "Auto Estima na Quimioterapia" - Parabéns!!
Este, foi o primeiro de muitos encontros que virão, cuja finalidade é o apoio em todos aspectos a quem enfrenta a doença. 

O blog "Encarando o Linfoma", parabeniza essas guerreiras pela brilhante iniciativa.

Mulheres de fé, anjos da solidariedade, militantes de causa nobre, agentes de boa semeadura!... Sigam em frente. Vocês são mais que vitoriosas. 


A todas vocês, dedico a frase de Juahres Alvez: "Quando há fraternidade, o amor é sereno; quando há solidariedade, o amor é ativo, e quando há caridade, o amor é vivo".

                                                  Grato a Deus pela vida de todas
                                        "Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".

Helen no ensino e confecção de turbantes, entre outros.

Jaciara Almeida, uma das fundadoras do projeto "Mãos que Ajudam".

Eu, Lena e Nicolly - Esposa e Filha no evento: "Tarde do Bem" - Foi um prazer!


                                                   

quarta-feira, 1 de março de 2017

O dia em que fiquei carequinha

Um dos efeitos colaterais considerados mais temidos da quimioterapia é sem sombra de dúvidas a queda de cabelo. É a pior parte. Muitas pessoas que passam pela quimioterapia podem se sentir com raiva, depressão e com vergonha. Por mais que você esteja bem resolvido psicologicamente, é impossível, uma hora ou outra, não ser assaltado por tais sentimentos quando o tal efeito passa a evidenciar-se. Apesar de saber que o mesmo voltará a crescer pós tratamento, é um tanto assustador, principalmente, para as mulheres, pois é algo que está relacionado com sua identidade. 

Não obstante, há homens que são bastante vaidosos com os cabelos, e eu sou um dos tais. Sempre gostei de curtir cortes e penteados modernos. Sempre valorizei esse importante constituinte da boa aparência. Sou do tipo que não abro mão de secador, gel, pomada, cera, spray etc. Por isso, fiquei um tanto mexido quando meus cabelos começaram a cair dezesseis dias pós primeira quimio. Se no caso da mulher os cabelos fala de sua identidade, arrisco dizer, que a relação é a mesma em se tratando de homens vaidosos que cuida e zela pela aparência. Em todo caso, que se vá o cabelo e junto com ele a doença - frase da esposa.

Bem, confesso que demorei alguns dias para passar a máquina e ficar carequinha. Minha ideia, era adiar o máximo possível. Enquanto tivesse cabelo para pentear, lá estava eu resistindo a imposição circunstancial do momento... Mas os dias se passaram, até que um dia, tomando banho, aquele punhado de cabelo molhado me cai pelo rosto. Fiquei triste nesse dia. Além do mais, sentia também o couro cabeludo arder. Resolvi pelar. 

O fato se deu no salão mais sofisticado, luxuoso e comodo da cidade. Salão Visual. Não é exagero da minha parte. A bem da verdade, é a realidade. O proprietário é meu cunhado - José Diniz, mais conhecido como Diniz. Um cabeleireiro de mão cheia. Um verdadeiro "mãos de tesoura". Você acha que estou exagerando? Senta então na cadeira poltrona do Diniz, escolha o corte e aguarde o resultado. Certamente, você comprovará que talento, competência e profissionalismo é sinônimo de brilhantismo de um brilhante profissional. Pura realidade. 

Voltemos ao fato que ocorreu numa Quinta-Feira, 16 de Fevereiro de 2017. Era noite. Próximo das 22;00 horas. Não havia mais cliente no salão. Iríamos iniciar a "sessão zero" - rsrsrs. Os amigos Beguim e Jean, numa demonstração de apoio e solidariedade, participaram ativamente de tudo. Meu cunhado deu as instruções de como usar a máquina. Minha esposa registrava, filmando e fotografando. Não houve peso, tristeza, lágrimas, lamento. Muito pelo contrário. Brincamos de cabeleireiros. Brincamos de ficar carecas. Brincamos, risadas, gargalhadas... Curtimos o ambiente, o momento, o ar condicionado, o som da música da TV Smart pelo Youtube. Curtimos a pipoca da cunhada pipoqueira Eliane - rsrs. Curtimos o espírito fraterno, o gostinho de mais uma etapa superada e vencida. Eles, representando outros tantos, que de outra forma, também nos apoiaram, fizeram essa experiência ser descontraída, leve e suave - esposa, cunhado e amigos. O dia em que fiquei carequinha, eles(Jean e Beguim), também ficaram. Rasparam suas cabeças juntos comigo. Foi um dia de superação, aceitação, lição. Ninguém faz nada sozinho, chega a lugar nenhum sozinho, vence sozinho. 

Admito, os dois primeiros dias quando passava as mãos na cabeça careca, lembrava do seguinte: "estou com câncer". Depois tratei de trabalhar essa mentalidade. Agora o pensamento é diferente. Penso: "estou vencendo o câncer". Ganhei um boné e um gorro, mas acredite, dificilmente faço uso deles. Aprendi a conviver bem com minha carequinha. Minha filha Nicolly de 3 anos, diz que sou o carequinha dela rsrs - "meu carequinha", assim ela fala.

Lena, Diniz, Beguim, Jean - estamos nos trilhos da vitória! "É parte da cura o desejo de ser curado".

Segue o vídeo sobre o referido dia:


"Só somos fortes, mas juntos somos imbatíveis".